OPINIÃO: “Lula acerta em cheio sobre a guerra na Ucrania”; leia artigo de Ezio Garcia

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A única vez que se viu na história da humanidade, um pequeno ganhar de um grande, seja em que campo for a batalha, foi na Bíblia, quando o menino Davi venceu o gigante Goliath. Davi como filho dileto de Deus, tinha lá seus poderes que o habilitaram a tal, e se caso perdesse, só quem seria sacrificado seria Ele, Davi, e não todo o povo de Israel, pelo menos diretamente.

Não é o que se vê na atual guerra da Ucrânia, que de um problema entre vizinhos, está arrastando o mundo para uma guerra mundial, o que já arrastou. Lembremos que a região hoje em conflito era uma só Nação, de mesma língua inclusive, a URSS – União das Repúblicas Soviéticas Socialistas, que terminou com a queda do Muro de Berlin e a introdução da Perestroika por Michail Gorbachov em 1989 .

Com o fim da URSS, a Rússia continuou forte, como país centro do poder político e estratégico da antiga URSS – o Kremlin- e a Ucrânia tentou seguir seu rumo, mas aliando-se ao ocidente, à OTAN, o que faz a Rússia, como marido traído, não admitir de jeito nenhum.

Este é o centro da questão: a Ucrânia não quer mais ser russa, quer ser européia, o que para os russos ortodoxos, como o seu presidente, Vladimir Putin, é simplesmente intolerável e inaceitável.

O recado foi dado antes da invasão. As tropas russas permaneceram por meses acampadas nas fronteiras com a Ucrânia, enquanto se tentava uma negociação, até que houve a invasão, em 24 de fevereiro último. O resultado é o que vemos tristemente todos os dias na TV: 3 mil soldados ucranianos mortos até agora, e um país arrasado, devastado, destruído, em chamas, e mesmo assim, com seu presidente, Volodymyr Zelensky, afirmando que vai vencer a guerra, enquanto seu povo morre e seu país acaba.

O que antes era uma briga de vizinhos, de marido e mulher, uma briga caseira, cuja única resolução está na negociação, agora se transformou num conflito mundial.

Foi o que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, disse na entrevista publicada pela insuspeita revista norte americana Time, que circulou o mundo na última semana. Disse que o presidente ucraniano é tão responsável pela atual situação mundial causada pela guerra na Ucrânia, quanto o presidente russo.

“Ele tinha que negociar mais” disse o ex-presidente à revista.

Infelizmente isso não aconteceu. Ao invés disso, penetrou por salões e gabinetes, nos plenários das grandes sessões parlamentares do mundo inteiro, por vídeo conferencia, sendo aplaudido de pé pelos lugares onde passou. Ganhou aplausos e notoriedade, foi e está sendo chamado de verdadeiro estadista. Mas a que custo? De milhares de vidas, e do colapso de toda a rica história de seu país e de sua população, que assiste passiva transformar-se em escombros seus mosteiros, suas igrejas, seus hospitais, seus centros culturais riquíssimos.

A Ucrânia possui um imenso acervo cultural em sua história. Só para lembrar, a maior escritora russa de todos os tempos nasceu na Ucrânia, a grande Helena Petrovna Blavatsky. Tudo isto está indo para o beleléu.

Ao invés de negociar mais, de ceder, de procurar acordos, Zelensky age como se estivesse em um palco, como ator (clow) que é. Só que invés de aplausos, arrebanha também o ódio de países como os EUA contra a Rússia, no que é seguido pelos países europeus, e tome envio de armas e dinheiro para a Ucrânia combater os russos, numa guerra que não há ou não haverá vencedor. Daí a afirmação certeira de Lula, de que o presidente ucraniano é tão responsável pela guerra quanto o presidente russo.

Imaginem o beco sem saída em que a situação chegou: a esta altura, Vladimir Putin pode perfeitamente supor que tomar a Ucrânia é absolutamente necessário para a sobrevivência da Rússia, pois do contrário, as forças militares da OTAN- Organização do Tratado do Atlantico Norte- formado pelos países ocidentais, EUA à frente, poderiam instalar uma base militar a partir de Kiev -que fica a 800 km de Moscou- para atacar a Rússia. Seria o começo do fim.

Ainda há tempo para negociar, sempre é tempo de negociar, de ceder, de se conscientizar, de deixar agir o bom senso e a razão. Não se vá, de forma nenhuma, defender a ação invasora de Vladimir Putin. Ambos estão errados, e ambos precisam ceder. Foi o que disse Lula à revista Time, com toda a razão.

Ezio Garcia é jornalista, Editor do site Sintonia News.

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