Da Redação – Ezio Garcia
Os números continuam alarmantes, embora tenham diminuído mundialmente segundo os últimos levantamentos. Mas ainda assim preocupam, quando se nota que, de acordo com último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho de 2022, cresceu 55% o número de suicídios entre os policiais civis, militares e federais, bem como aponta que em 2020 houveram 12.895 suicídios no País, uma variação de 0,4% a mais do que em 2019, que ficou em 12.745 casos; ou seja, algo em torno de 35 suicídios por dia, uma doença que mata mais do que a AIDS ou o câncer.
SETEMBRO AMARELO
Para combater este quadro, que é mundial, nasceu o Setembro Amarelo, surgido de um acontecimento fortuito e simbólico nos EUA. Segundo a Drª Marli Okida, médica do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) de Nova Xavantina, o fato ocorreu em 1994, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, se suicidou após terminar o trabalho de pintura de um veículo mustang todo de amarelo. O trabalho ficou perfeito, o autor tinha uma vida normal -trabalhava, estudava, tinha namorada- e mesmo assim, no dia 10 de setembro daquele ano, ele se suicidou.
“As pessoas ficaram chocadas por não terem percebido que ele não estava bem; perceberam o quão enganosa era aquela situação, o tamanho do problema, e então foi criado o Setembro Amarelo, para ajudar a outros que estivessem na mesma situação” explicou a médica
PANDEMIA
Para a Drª Marli, a dificuldade está em identificar a presença das causas que levam às ideias suicidas, que estão presentes por exemplo, nos quadros de sofrimentos mentais como a depressão e ansiedade, doenças cujas demandas, segundo ela, aumentaram bastante no município após o advento da pandemia.
‘O isolamento social e a falta de perspectiva, aliados ao pânico gerado pelo medo morrer, aceleraram os quadros de desequilíbrios mentais nas pessoas” explicou ela, para quem, o melhor e único remédio ainda é falar, conversar, valorizar a vida, o estar vivo.
A profissional de saúde destacou a importância do trabalho de órgãos como o CVV – Centro de Valorização Vida, cuja seriedade na linha de ação faz com que “eles capacitem pessoas que queiram fazer os atendimentos, e está aberto para quem quiser ajudar neste sentido”.
CAMPANHA
Em Nova Xavantina, o CAPS organizou toda uma programação para campanha “Falar é a melhor solução” do setembro amarelo de 2022, que cita a frase de Santo Agostinho: “Dor compartilhada é dor amenizada”.
Segundo a Coordenadora da unidade, Viviane Souza Dunck, o objetivo da campanha é trazer visibilidade para o tema, conscientizando a população para a prevenção de suicídios; expor amplamente o assunto nas mídias e redes sociais pois o mesmo ainda é tratado como tabú em muitas regiões do País; incentivar as pessoas a procurar ajuda profissional e oferecer o suporte necessário para ajudar.
O público alvo será alunos da rede do ensino médio, estadual e particular.
CAMINHADA E PALESTRAS
No dia 20 de setembro está marcada uma caminhada, com saída às 7.30 horas, da Praia do Sol, indo em direção à agencia do Banco do Brasil, passando pelas avenidas Rio Grande do Sul, Paraná, Couto Magalhães e Mato Grosso, com pit stop em frente a agencia do BB, com entrega de panfletos no comércio e adesivação de carros.
Antes disso, no dia 13, das 8.00 às 9.30 e das 14.00 às 15.30 horas, haverá uma roda de conversa sobre o tema com os alunos no auditório da Escola Billy Gancho, com as presenças do Promotor de Justiça, Dr. João Ribeiro da Mota; do Defensor Público, Dr. Tiago Vinicius P. Passos; Drª Marli Okida no período da manhã e a Psicóloga Fabrícia Galindo, no período da tarde.
No dia 15, a palestra será na Escola JK, das 9.00 às 11.00 horas, com os alunos do ensino médio.
Além da médica, da psicóloga e da coordenadora, completam a equipe o CAPS de Nova Xavantina uma enfermeira, uma assistente social, uma técnica em enfermagem, uma pedagoga, uma artesã, o motorista e a recepcionista.
“Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”.